Unidos pela “Tua Palavra”

06/05/2010 14:47


Por Lucimar Maziero
Coord. Nacional da Comissão de Formação
 

Atentos às palavras do Papa Bento XVI e à moção profética para a RCC neste tempo, vamos nos unir pela Palavra de Deus e assim reconstruiremos as muralhas de Jerusalém! Esta é nossa convocação: unidos pela Palavra de Deus, reconstruiremos as muralhas!

Se prestarmos atenção ao que diz o Papa em relação à nossa evangelização, para que ela seja eficaz, devo alimentar-me pela Palavra de Deus. É interessante pensar em alimento, porque é algo fundamental ao ser humano. Trazendo isso para a visão espiritual, “alimentar-se pela Palavra” é algo essencial, indispensável. Da mesma forma que a falta de alimentação nos causa desnutrição, se faltar a Palavra de Deus em nossa vida, nossa evangelização será ineficaz.

Podemos trazer esta moção para uma avaliação pessoal: como eu estou me servindo desta Palavra? Estou lendo a Palavra de Deus diariamente? Posso dizer que sou uma pessoa íntima da Palavra? Para nos auxiliar nesta avaliação, vale refletir no que diz São Jerônimo: “Quem não conhece as Escrituras, não conhece a potência de Deus nem sua sabedoria. Ignorar as Escrituras significa ignorar a Cristo”.

No compromisso de nossa evangelização, levamos as pessoas a ter um encontro pessoal com Jesus Cristo, e esta frase de São Jerônimo nos faz compreender que todo evangelizador precisa conhecer a Palavra de Deus, pois, conhecendo-a, conhecemos a Cristo. Aprofundando nisso, podemos nos apoiar na própria Palavra, que “é útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para formar na justiça. Por Ela o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (II Tm 3, 16). Irmãos, realmente a Palavra de Deus pode mudar profundamente o coração do homem, por isso é importante que entremos em uma intimidade cada vez maior com Ela.

Ao encerrar o Sínodo da Palavra, o Papa Bento XVI também nos exortava, voltando nosso olhar para a realidade atual, mostrando que muitos ainda não encontraram Cristo e estão à espera do primeiro anúncio de seu Evangelho. Outros, apesar de terem recebido uma formação cristã, perderam o entusiasmo e só mantêm um contato superficial com a Palavra de Deus. Outros, ainda, se afastaram da prática da fé e têm necessidade de uma nova evangelização. Então, como fazer para que o anúncio do Evangelho se torne cada vez mais eficaz em nosso mundo? A resposta é clara: alimentar-se pela Palavra de Deus. Hoje temos uma necessidade de escuta mais íntima de Deus, de um conhecimento mais verdadeiro de sua Palavra, de uma partilha mais sincera da Fé que se alimenta na mesa da palavra divina! É necessário traduzir em gestos de amor a Palavra ouvida.

O Concílio Vaticano II afirma que “é necessário que os fiéis tenham amplo acesso à Palavra de Deus” (Dei Verbum 22), para que as pessoas encontrem a verdade, possam crescer no amor autêntico. Mais uma vez, podemos atualizar isso em nossa vida e perceber a necessidade de leitura diária, da leitura orante da Palavra de Deus.

Encorajados nesta moção de Deus, vamos nos esforçar, convocando todo o Brasil a se unir em torno da Palavra de Deus. Assim vamos nos alimentar dela e tornar o Senhor conhecido. Por isso vamos colocar nossa vida no ritmo da Palavra de Deus, caminhando no ritmo da salvação. A reconstrução das muralhas se iniciará no retorno à Palavra, que nos orienta, forma-nos, coloca-nos na intimidade com Deus. É assim que nos lembra o profeta Jeremias: “Eis a razão pela qual diz o Senhor: se voltares, farei de ti o servo que está a meu serviço. Se apartares o precioso do que é vil, serás como minha boca. Serão eles, então, que virão a ti e não tu que irás a eles. Então, erguerei ante esse povo sólida muralha como o bronze. Será atacada, mas não conseguirão vencê-la, pois estarei a teu lado para proteger-te e te livrar – oráculo do Senhor” (Jr 15, 19-20).

Neste caminho de reflexão, percebemos que a Bíblia não é apenas o livro de um povo, é a voz de Deus para um povo. Há nela uma herança, como um testamento para o povo que dela se aproxima. Neste ângulo, nela está a identidade dos filhos de Deus, que, ao entrar em contato com sua Palavra, descobrem sua história, sua vocação, seu modo de ser e de viver, porque “tal qual a chuva e a neve que caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra de Deus que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade, e cumprido sua missão”. (Is 55, 10-11).

Assim como Neemias e Esdras reconstruíram as muralhas de Jerusalém, reconstruindo muros, fé, moral, nós também temos uma obra de reconstrução, que se dará em torno da Palavra de Deus, obedecendo ao nosso profetismo, sendo “Palavras Vivas” no meio do povo. Temos esta grande responsabilidade de difundir ainda mais a Palavra de Deus no coração do mundo. Edificando a Igreja, servindo a humanidade, de forma particular, anunciando a Palavra, que é uma pessoa: Jesus Cristo. Ele é a Palavra de Deus encarnada. Na declaração final do Sínodo, vemos a voz da Palavra: a Revelação; o rosto da Palavra: Jesus Cristo; a casa da Palavra: a Igreja; os caminhos da Palavra: a missão.

Se por um lado a Palavra deve nos “alimentar” (Bento XVI), por outro ela deve ser nossa “bússola”, que nos aponta o norte do caminho de Santidade (João Paulo II). Então, em obediência à Igreja, vamos nos unir pela Palavra, experimentando-a e nos alimentando dela, para uma evangelização mais eficaz.