Fé e Politica

14/03/2010 23:57

 

Fé e Política

 

1. A pessoa humana é, por natureza, um ser político.

 

            É comum a gente ouvir de muita gente boa: “não quero saber de política”. O pior é que julga ser isso uma demonstração de sabedoria. Para eles, ´politica é coisa que suja as mãos. Mas também muitos esquecem que não fazer nada também é uma atitude política. Aqueles que assumem esse desinteresse pela política podem estar fazendo o jogo dos maus políticos, pois são estes que lucram com isso. Quanto mais gente houver que não se interesse por participar da vida democrática, mais fácil se torna para os corruptos e aventureiros chegarem aos postos que lhes permitem enriquecer à custa do dinheiro publico.

 

1.2 Da política depende a vida dos cidadãos

 

            Muitos parecem não se dar conta que os políticos, no exercício de poder, fazem as leis e tomam as decisões que vão interferir diretamente na vida dos cidadãos. Eles determinam os impostos e tarifas. Administram o dinheiro publico que tanto pode trazer beneficio a sociedade ou não. Em suma, podem elaborar leis que escravizam ou que libertam.

 

2. Conceitos básicos

            Política vem de “polis” palavra grega  que significa cidade. Política é o governo da cidade. Do ponto de vista ético ou mesmo dos valores, a política é o conjunto de ações pelas quais os homens e mulheres buscam uma forma de convivência entre indivíduos, grupos e nações que ofereça condições para a realização de um bem comum. Padre Lebret a definiu como a arte, a ciência e a virtude do bem comum.

            Homens e mulheres constroem as diferentes sociedades através de diversas formas, sejam elas coletivas e individuais, publicas e privadas. Entre estas ações, encontra-se a ação política que é o conjunto de ações humanas que possuem dimensão publica e que se relacionam com as estruturas de poder de uma sociedade.

            Também sabemos que a dimensão político-partidária do agir político é hoje, nas sociedades democráticas ocidentais imprescindíveis, embora apareçam bem claro seus limites.

            Há de se mencionar também a importância dos chamados movimentos populares, das organizações não governamentais. (Ongs), de movimentos e campanhas da cidadania, de caráter não partidário como o da “Ética na Política”.

 

3. Articulação da política com a fé

 

            A ação política se faz a partir de valores e interesses que se defronta com uma determinada realidade. Para conhecer a realidade são indispensáveis os dados apresentados pelas ciências humanas e sociais. ( sociologia, psicologia) é uma correta interpretação dos mesmos. Alguns cristãos pensam que não precisam destes auxílios, pois bastaria o Evangelho. Porém, o Concilio Ecumênico Vaticano II assinalou que estas ciências têm uma legitima autonomia, isto é, seus conhecimentos e leis não são substituídos nem supridos pela fé religiosa, embora possam receber dela enriquecimento e plenitude. Quem tem fé cristã e católica, tem mais e não menos razões e condições e instrumentos para fazer política. Interpretemos a passagem de Lc 20,20-26. Jesus afirma a soberania de Deus sobre todas as coisas, inclusive sobre a própria política.

 

( ler Evangelização e Política de Puebla, pág 14)

 

Alguns traços da cultura e da participação política no Brasil.

_ em termos gerais a cultura política brasileira caracteriza-se:

a)    pelo desconhecimento do dever cívico e da participação política

b)    pela falta de informação adequada acerca do objeto real dos embates políticos

c)    pelo não conhecimento da maioria do povo enquanto aos aspectos mais rudimentares do processo político.

 

 

3.1 A cultura política das elites econômicas e políticas

 

            Muitos membros das elites mantêm, com certa freqüência, em relação a política, uma postura cínico-realista: seus membros detem recursos de poder que lhes dão acesso direto às autoridades constituídas para tratar os assuntos de seus interesses sem passar pelos canais da administração publica.

 

3.2 a cultura política da classe média

            A cultura política da classe média é profundamente influenciada por duas características básicas deste segmento social: a ânsia de copiar padrões de consumo de elites e o temor obsessivo do empobrecimento.

 

3.3 A cultura política das classes empobrecidas.

             Na cultura política das classes empobrecidas, torna-se indispensável distinguir três subconjuntos; setores politicamente engajados; setores populares de tradição religiosa e setores desorganizados.

 

Perspectiva cristã no mundo da política

 

1.1 O nosso julgamento para discernir o compromisso político se fundamenta na prática de Jesus que tem seu eixo no anuncio do Reino de Deus. Jesus Cristo inclui o Reino na oração do Pai Nosso. “Venha a nós o vosso Reino” que se realiza na construção de uma sociedade nova mediante a conversão das pessoas para a justiça e a solidariedade.

1.2 A igreja tem consciência do valor político, não apenas enquanto instrumento necessário para a organização social, mas, sobretudo enquanto expressão de valores que definem os destinos dos povos e a concepção de pessoa humana.

1.3 A Igreja Católica no Vaticano II (GS 76 “Pregando a verdade evangélica, e iluminando todos os setores da atividade humana pela doutrina, pelo testemunho dos cristãos, a Igreja respeita e promove também a liberdade política e a responsabilidade de cidadãos”)

 

 

Jesus e as estruturas políticas de seu tempo

            Na época em que Jesus viveu, a Palestina era dominada pelos romanos. Na Cesaréia residia o procurador romano, dependente do legado da Síria, mas que dispunha de razoável autonomia para governar, em nome de Roma a Palestina. Roma permitia que as questões internas do judaísmo fossem tratadas, segundo a lei judaica, pelo Sinédrio, que contava inclusive com uma força policial ( a policia do templo). Esta corte era composta por 71 membros entre os quais se encontravam os chefes de sumos sacerdotes, os representantes da aristocracia leiga (anciãos) e dos escribas, que compunham a aristocracia intelectual. Além de funcionar como corte da justiça para todos os judeus, mesmo aqueles dispersos pelo Império Romano, ocupava-se o Sinédrio também das relações com o poder Romano e da entrada em Jerusalém do imposto do templo e dos dízimos.

            Havia a existência de grupos:

1       Saduceus: de tendência conservadora e colaboracionista frente ao poder Romano, ao qual pertencia a maior parte da aristocracia leiga.

2       O grupo dos fariseus ao qual pertenciam inúmeros escribas. Eram os olhos do povo, piedosos e sábios homens, irrepreensíveis. Do ponto de vista ideológico e doutrinal, combinavam a lei escrita ( Tora) com a tradição oral para a elaboração de uma teologia aberta ao desenvolvimento da doutrina e de uma aplicação da lei mais espiritual, embora muito escrupulosa.

3       Zelotas: viviam em oposição e empregavam métodos violentos de ação, como o assassinato de estrangeiros.

 

Jesus e seu projeto.

 

  • Jesus inaugura sua pregação com o anuncio da Boa Nova de Deus. (Mc1,15). Jesus anuncia que a ultima palavra de Deus sobre sua criação é palavra de salvação.
  • Jesus anuncia esta Boa Nova por palavras e gestos. A morte e dor são vencidas, os coxos andam, os surdos ouvem, os cegos vêem e os leprosos são curados (Lc 7,22).
  • Os gestos de Jesus de comunhão com os marginalizados são motivo de escândalo ( Lc 15,1-2)
  • O Reino anunciado por Jesus subverte a lógica deste mundo. È um Reino dos pobres, onde os que tem fome serão saciados, os que choram, rirão. (Lc 6,20-26)
  • Diante da realidade do Reino, todos são convidados a partilhar os bens (Lc 12,33-34)
  • E fazer do necessitado o próximo (Lc10,29-37)
  • Interrogado pelos fariseus sobre quando seria a vinda do Reino de Deus, Jesus respondeu ( Lc 17,20-21)

 

A Ação da Igreja na política deve ser ética e escatológica

            A Igreja recebeu de Jesus a missão de evangelizar. A missão evangelizadora possui duas dimensões inseparáveis I) a Igreja deve proclamar o Querigma ( Jesus Cristo e seu Reino) e convocar os homens e mulheres e aderirem a comunidade cristã, sacramento de Cristo ; e 2) a Igreja deve colaborar para que o mundo, com as sua diversas culturas estruturas, seja cada vez mais conforme à vontade de seu Criador, tornando o Reino presente.

Ler texto Carta a Diogneto pág 57.

 

 

 

Pe. Orestes de Ol. Preto