A Evangelização e a Religiosidade Popular.
Dom Sérgio Aparecido Colombo
Quarta-feira, 09 de Junho de 2010
Dom Sérgio
A Evangelização e a Religiosidade Popular.
“A religiosidade popular reflete uma sede de Deus que somente os
pobres e simples podem conhecer”.
Irmãos e Irmãs!
O mês de junho é marcado pela alegria das tradicionais festas juninas. As comunidades cristãs, da cidade e da zona rural, escolas, associações, clubes, entidades, se organizam, cuidando para que não faltem às mesmas, as características essenciais: a reza do terço nas comunidades pedindo a proteção dos santos, a fogueira na noite de São João, o vinho quente, a pipoca, os doces caseiros de mamão, batata, abóbora, e como sempre, a música e os trajes típicos “caipiras”. Sabemos da importância da festa na vida das pessoas, famílias, igrejas e sociedade. Caracterizada pela alegria, encontro, descontração, precisa ser recuperada em nossos dias, uma vez que o medo, a violência, o isolamento, vão ganhando sempre maiores proporções. Um sorriso, um abraço, um bate papo saudável numa roda de amigos, com pessoas queridas, faz muito bem ao coração e cria uma mística capaz de dar um sentido novo à existência.
Conhecemos os santos populares reverenciados no mês de junho.
Santo Antonio, frade franciscano, pregador da Palavra de Deus, devoto da Eucaristia, solícito para com os pobres. Ainda hoje, é abençoado o pão dos pobres de Santo Antonio. É ele quem pede: “cessem os discursos, falem as obras”.
São João Batista, o precursor, que batizou Jesus, o autor do batismo e o apresentou como Cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo 1,29). A fogueira é o maior símbolo das festas juninas. Por ocasião do nascimento do João Batista, Isabel acendeu uma fogueira no alto de um monte. Era a boa notícia do nascimento de um profeta. Maria, sua prima foi às pressas ajudá-la.
São Pedro, pedra, fundamento, o primeiro entre os apóstolos. Sobre sua profissão de fé e dos demais companheiros, Jesus edificou a sua Igreja (Mt 16,18).
O Santo Padre Bento XVI, em seu discurso inaugural por ocasião da abertura da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em Aparecida – São Paulo, destacou a “rica e profunda religiosidade popular, na qual aparece a alma dos povos latino-americanos, e a apresentou como precioso tesouro da Igreja Católica na América Latina. Convidou a promovê-la e a protegê-la. Essa maneira de expressar a fé está presente de diversas formas em todos os setores sociais, em uma multidão que merece nosso respeito e carinho, porque sua piedade reflete uma sede de Deus que somente os pobres e simples podem conhecer. A religião do povo latino-americano é expressão da fé católica. É um catolicismo popular, profundamente inculturado, que contém a dimensão mais valiosa da cultura latino-americana” (Documento de Aparecida, nº 258).
“...É necessário cuidar do tesouro da religiosidade popular de nossos povos, para que nela resplandeça cada vez mais a ‘pérola preciosa’ que é Jesus Cristo, e seja sempre novamente evangelizada na fé da Igreja e por sua vida sacramental...”(DA, nº 549).
De origem européia, a festa junina é como que o elo de união entre o campo e a cidade, o urbano e o rural, e faz parte do folclore brasileiro.
Dom Sérgio Aparecido Colombo
Bispo Diocesano