Vocação Cristã – Amar e Servir.

12/11/2010 10:52

  Vocação Cristã – Amar e Servir.

                   Irmãos e Irmãs!

                   O Calendário Litúrgico no mês de novembro é marcado por três celebrações que se revestem de particular significado para a vida cristã. No dia primeiro de novembro, a Solenidade de todos os Santos e Santas de Deus, no Brasil, transferida para o domingo (seguinte) quando ocorrer num dia de semana; no dia dois, a Comemoração de todos os Fiéis Defuntos, celebrada no dia da semana em curso e no dia vinte e um, domingo, a Solenidade da Realeza do Senhor do Universo, dia dos Leigos e Leigas, que no mundo prolongam o anúncio do Evangelho, com alegria e pela força do testemunho.   

                   Para a Solenidade de todos os Santos e Santas, o evangelista Mateus apresenta a proposta de uma nova Constituição para o Povo de Deus, onde serão felizes os pobres em espírito, aflitos, mansos, os que têm fome e sede de justiça, misericordiosos, puros de coração, os que promovem a paz e os perseguidos por causa da justiça. “Deles é o Reino do Céu” (Mt 5,12). A Palavra e a Ação de Jesus aproximam o Reino do Céu – Reino de Deus para toda a humanidade, onde tomarão parte aqueles que a sociedade organizada a partir do poder e do dinheiro, que oprime e explora, exclui. Os “pobres em espírito” isto é, os totalmente pobres, que depositam a confiança em Deus e que experimentam na vida as situações apresentadas no Evangelho, são perseguidos por causa da justiça. Eles, porém, estão convictos de que só a justiça de Deus poderá criar novas relações, que pela solidariedade desaparecerão as desigualdades sociais e a vida com dignidade para todos será possível. São felizes porque sabem-se necessitados de Deus, confiantes, e, movidos pelo seu amor levam até às últimas conseqüências a fidelidade e o testemunho. Contemplando a multidão dos Santos e Santas da Jerusalém Celeste, pedimos que intercedam por nós, que participamos da mesma vocação, para que, a exemplo deles, percorrendo o mesmo caminho, com eles possamos estar um dia.

                   A Comemoração de todos os Fiéis Defuntos, associada à Solenidade de todos os Santos e Santas, aponta para a esperança cristã. O Evangelho da Ressurreição de Lázaro proposto para a celebração litúrgica confirma que o nosso Deus é o Deus da vida e não da morte. A morte não é o fim. Ela é Páscoa, passagem definitiva para o Pai, onde já se encontram nossos irmãos falecidos. Eles que foram fiéis ao seu Projeto de amor e justiça, permanecerão com ele para sempre, vivendo a plenitude de sua graça e bondade. Morrer não é castigo, mas condição para o encontro definitivo com o Deus da vida. “Esta é a grande esperança. Esperança que só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir” (Bento XVI na Encíclica Spe Salvi – Esperança Cristã, n. 31).

                  Caminhando com toda a Igreja para o encerramento do Ano Litúrgico, somos chamados a reconhecer a Realeza do Senhor, identificada com os pobres e oprimidos pelos poderes deste mundo. Famintos, com sede, estrangeiros, sem roupa, doentes, prisioneiros, se tornarão o critério do julgamento final (Mt 25,40). Estejamos atentos: a prática da justiça é que configura e legitima a vida cristã. Não podemos desanimar se são muitos os sinais de morte, contrários ao Reinado de Jesus numa sociedade com tantas religiões, crenças e devoções, mas de tão pouco compromisso com a causa D’Ele.

                  Como discípulos missionários, encorajados pelo Ressuscitado, presente em nossa vida e na vida das Comunidades, somos chamados a continuar a sua Missão. A sua realeza, marcando o final do Ano Litúrgico, abre sempre novos horizontes: amar e servir com e a partir daqueles que são os seus preferidos: os pobres.

 

                                                                     Dom Sérgio Aparecido Colombo

                                                                                Bispo Diocesano