CORPUS CHRISTI

03/07/2010 09:24

 

 

                                         Irmãos e Irmãs!

                                        Celebramos hoje, quinta-feira, a festa do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, o Corpus Christi, momento em que a Igreja expressa publicamente sua fé no seu Senhor, que se fez carne e habitou entre nós. “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue para a vida do mundo” (Jo 6,51). Jesus e seus Apóstolos celebravam a Páscoa, como era costume fazer todos os anos em Jerusalém. A Páscoa era a festa que lembrava a libertação da escravidão no Egito (Ex 12). Foi durante a Ceia Pascal, num contexto de dor e sofrimento, às vésperas de sua morte, que Jesus instituiu a Eucaristia. No pão e no vinho, se fez alimento para todos os que, como Ele, amando até o fim, haveriam de dar a vida. “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).  

                                      Por que o Corpus Christi? Porque, por ocasião da instituição da Eucaristia, na quinta-feira santa, não era possível solenidade alguma, o contexto não permitia, e porque no decorrer da história, começaram as dúvidas sobre a presença real de Jesus na hóstia consagrada. Sua origem remonta ao século XIII, com o Papa Urbano 4º, pela Bula Transiturus (aquele que passa), de 11 de agosto de 1264, sempre na quinta-feira depois da festa de Pentecostes.

                                       Lembra-nos Santo Tomás de Aquino, que “nenhum outro sacramento é mais salutar do que este; nele os pecados são destruídos, crescem as virtudes e a alma é plenamente saciada de todos os dons espirituais. É oferecido na Igreja pelos vivos e pelos mortos, para que aproveite a todos o que foi instituído para a salvação de todos”.

                                        Em nossos dias a Igreja reafirma que “a Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo. Com este Sacramento, Jesus nos atrai para si e nos faz entrar em seu dinamismo em relação a Deus e ao próximo. Existe um estreito vínculo entre as três dimensões da vocação cristã: CRER, CELEBRAR e VIVER o mistério de Jesus Cristo, de tal modo que a existência cristã adquira verdadeiramente forma eucarística. Em cada Eucaristia, os cristãos celebram e assumem o mistério pascal, participando n’Ele. Portanto, os fiéis devem viver sua fé na centralidade do mistério pascal de Jesus Cristo através da Eucaristia, de maneira que toda sua vida seja cada mais eucarística. A Eucaristia, fonte inesgotável da vocação cristã é, ao mesmo tempo, fonte inextinguível do impulso missionário. Aí, o Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a decidida vontade de anunciar com audácia aos demais o que tem escutado e vivido” (Documento de Aparecida, nº 251).

                                         Ao celebrar o Corpus Christi a Igreja proclama sua unidade em Jesus Cristo, que é Pão para os discípulos missionários a caminho do Reino definitivo, chamados a construir fraternidade pela partilha e solidariedade para o resgate da dignidade humana, pois, Aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo afirma estar presente no faminto, no excluído, que sofre violência, é injustiçado e privado dos seus direitos fundamentais. O amor e o culto à Eucaristia exigem o compromisso de transformação de um sistema econômico de acumulação que favorece a uns poucos privilegiados, em detrimento do povo pobre e sofredor. Na Igreja, Corpo de Cristo, a Eucaristia é sacramento dos bens que foram dados pelo criador a todos os seus filhos e filhas, denúncia das desigualdades que provocam ódio e morte e antecipação do Banquete definitivo. Como pede o Papa Bento XVI, sejamos testemunhas desse mistério de amor que é a Eucaristia.        

 

                                              Dom Sérgio Aparecido Colombo

                                          Bispo Diocesano de Bragança Paulista