Ecumenismo - Por acaso somos surdos?

31/01/2011 18:00

POR ACASO SOMOS SURDOS?    

 

                Dia 23 de fevereiro lembramos, pelo calendário, o dia do surdo-mudo. Na verdade a denominação surdo-mudo já trás um equívoco que passa despercebido e todos nós assimilamos pelo uso: É bom saber que nem todo surdo é mudo. Mas, a reflexão de hoje, não quer tratar especificamente dos Deficientes Auditivos físicos. Aliás, será importante que se busquem informações corretas quanto ao tratamento, ou melhor, quanto ao relacionamento com nossos semelhantes deficientes auditivos ou de fala. Sabe-se que, embora ainda haja certa discriminação para com os deficientes, encontramos pessoas e instituições que prestam valiosa contribuição na inclusão dos deficientes auditivos, por ex., no campo da educação, o sistema LIBRAS que é a sigla da LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS, das comunidades surdas que possibilita sua integração. Contudo, no momento, quero me referir aos que têm limitações auditivas e até de fala no que se refere às manifestações do Espírito. Vivemos num mundo onde os meios de comunicação evoluíram de forma espantosa, mas, infelizmente, os seres humanos, parece que estão se distanciando na compreensão mútua e na partilha de vida. Dia-a-dia se levantam barreiras que dificultam a comunicação entre os seres humanos e consequentemente, o relacionamento vai esfriando. Esta situação nos coloca diante de uma grande contradição: quanto mais se aperfeiçoam os meios eletrônicos de comunicação e se encurtam as distâncias físicas, sentimos que a convivência e partilha dos sentimentos, o tempo de escutar e sentir o outro vai se distanciando. Não temos mais tempo para ouvir o outro, portanto, estamos construindo um mundo de surdos-mudos.                               
              
De onde vem esta situação que torna as pessoas espiritualmente surdas? Por um lado, os barulhos exteriores do mundo industrializado e os constantes apelos do mercado, que transformou tudo em objeto de consumo, ensurdecem o indivíduo que se fecha sobre si mesmo; por outro lado, há aqueles que, por conveniência, se fazem surdos aos apelos gritantes de uma maioria excluída. Sabemos que se nos colocarmos a serviço do outro, não teremos mais sossego. Mas temos consciência que só o amor verdadeiro, que se manifesta na solidariedade, curará nossa surdez. Vamos aprender do Evangelho. A
palavra Efatá! Significa "Abre-te!" (Mc 7, 34), Esta palavra, pronunciada por Jesus ao curar um surdo-mudo, trás um grande ensinamento: é preciso que estejamos sempre abertos ao entendimento entre os seres humanos, tenham eles as limitações que tiverem, pois todos nós possuímos, de uma maneira ou de outra, algum tipo de limitação que pode e deve ser superada com esforço e boa vontade. Por isso, gostaria de concluir, buscando junto aos Deficientes Auditivos o que eles têm, e muito, a nos ensinar: “Eles conhecem como ninguém a linguagem do coração que compreende a todos e faz com que cada um encontre seu lugar e espaço na sociedade.”

conradovasselai@gmail.com